Trump usa antigas e fracassadas receitas protecionistas brasileiras
- Ricardo Gurgel
- 3 de abr.
- 2 min de leitura
A reciprocidade de taxas
O irônico é ver o Brasil irritado com a tarifação, prometendo reciprocidade. Pois bem, se o Brasil quiser ser realmente recíproco, terá que cortar drasticamente suas taxas. Afinal, nossos produtos enviados aos Estados Unidos serão taxados em 10%, enquanto não é raro que os produtos americanos chegando aqui enfrentem taxas acumuladas que ultrapassam 60%. Com a reciprocidade, até as tarifas das blusinhas seriam reduzidas
A falácia da proteção à indústria nacional
Trump tem vários exemplos pelo mundo que mostram os males do protecionismo. Logo de cara, pode olhar o desastre aqui no Brasil, onde até as próprias indústrias sofrem, tornando sua produção mais cara e ineficiente. Mesmo que algumas delas saiam ganhando no curto prazo, isso não se traduz em mais empregos ou melhores salários. Em vez de facilitar o empreendedorismo, o governo torna tudo mais burocrático e caro: impostos sufocantes, encargos que são perdas tanto para o funcionário quanto para a empresa e a sempre presente insegurança jurídica. No fim das contas, a população paga caro para manter empresários "amigos do rei" em sua zona de conforto, protegidos da concorrência.

O mito da evasão de dólares
A visão do governo sobre importação é míope: quando compramos um produto importado, o dinheiro vai para fora, certo? Errado. A economia global funciona por sinergias. Insumos mais baratos reduzem o custo de produção, melhoram a qualidade dos produtos nacionais e aquecem a concorrência, o dólar sai e entra num fluxo de dinamismo. Quem ganha com isso? A população, que pode comprar mais gastando menos.
Gastar menos significa preservação salarial. Isso torna os mercados mais dinâmicos, reduz a pressão econômica sobre as pessoas e fortalece a compreensão de que liberdade econômica é o direito de escolher o melhor e mais barato e não ser forçado a pagar caro só porque um fabricante é protegido pelo governo. A verdadeira força de uma economia está na concorrência, que pressiona produtores a oferecerem melhores preços e qualidade, combatendo a inflação na raiz.
Reservas internacionais não são "destruídas" em economias abertas. Pelo contrário, elas fluem com mais dinamismo, pois mercados livres estimulam crescimento e aumentam a arrecadação de forma natural. O segredo está em simplificação tributária, redução de impostos e liberdade real de mercado, uma fórmula simples, mas poderosa, para aliviar o bolso da população.
Trump terá que ajustar a receita, mas até onde ele irá?
O problema de figuras como Trump e Putin é que seus egos gigantescos tornam qualquer concessão improvável. Mesmo diante de consequências desastrosas, é possível que levem suas políticas ao limite apenas para sustentar uma imagem de poder inflexível. Isso significa que os danos podem se prolongar mais do que o esperado.
O jogo econômico está longe de acabar, mas uma coisa é certa: protecionismo não fortalece nações, só aprisiona suas economias.
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