top of page

Aposto na economia da Argentina

Atualizado: há 1 dia

Sendo realista, as grandes oportunidades muitas vezes estão nas economias desdenhadas, humilhadas — verdadeiros terrenos esquecidos à beira de uma estrada que, anos depois, se transformam em grandes corredores imobiliários. É como comprar um apartamento em um bairro desacreditado que, com o tempo, vira o queridinho da cidade, permitindo uma venda com ótimo lucro. No fim das contas, as melhores oportunidades nascem de riscos bem avaliados — e não de acasos, nos quais não podemos confiar.

A Argentina se tornou uma dessas oportunidades. No início de 2024, quase ninguém acreditava em uma melhora significativa por lá. Mas eu, como seguidor da escola austríaca de economia — mesma linha que inspira o pensamento do presidente Javier Milei —, via motivos racionais, matemáticos e teóricos para crer no sucesso. Quando você compreende profundamente determinado assunto, a ponto de ver com clareza que A + B dará C, fica difícil duvidar do resultado.


Apostei na Argentina desde a vitória de Milei

Javier Milei definitivamente não é um presidente convencional. Ele não adota uma postura conciliadora e se mantém firme em suas convicções, mesmo que isso lhe custe popularidade. Para surpresa de muitos, mesmo com medidas inicialmente impopulares, sua aprovação permaneceu sólida — a ponto de conseguir apoio de deputados fora de sua base para aprovar reformas importantes.

É verdade que, se tivesse adotado uma postura mais diplomática no trato com o Congresso, poderia ter avançado ainda mais rapidamente. O tato político, a velha arte do ganha-ganha, foi deixado de lado em muitos momentos. Milei tem se sustentado pelo impacto das transformações econômicas em curso, mas compra brigas desnecessárias com uma facilidade impressionante.


Javier Milei
Javier Milei

Falta Milei na cabeça de Trump

Em termos de liberdades econômicas, Milei representa o oposto do que Trump defendeu nos EUA. Enquanto o argentino luta para abrir mercados e reduzir barreiras, Trump se aproximou da velha mania brasileira de criar reservas de mercado — ou pior, “reservas de monopólio para os amigos do rei”, como já comentei em outras postagens.


Qual é a mágica?

A base do projeto econômico argentino atual é:

  • Eliminação do déficit público e fim da necessidade de imprimir moeda sem lastro, que apenas desvaloriza a moeda nacional e gera inflação descontrolada;

  • Corte de gastos e redução da máquina pública, em busca de mais eficiência e menos espaço para corrupção;

  • Reforma tributária, para garantir maior equidade entre indústria, comércio e serviços, e permitir preços mais competitivos;

  • Abertura comercial, com redução de barreiras de importação para incentivar concorrência e oferecer mais opções ao consumidor argentino.

Claro, nem tudo é simples. O próprio Mercosul impõe limites à abertura comercial. Outras reformas importantes — como a modernização das leis trabalhistas, para dar segurança jurídica a pequenos empresários — ainda enfrentam resistência no Congresso. Há um histórico de paternalismo estatal que dificulta mudanças mais profundas.

Mesmo assim, a perspectiva é positiva. A Argentina mostra que é possível avançar com um presidencialismo funcional, sem a necessidade de grandes conchavos para que o governo se mova. Por isso, continuo apostando nesse país — porque vejo racionalidade, coragem e uma rara chance de virada.


Como é possível pegar carona no possível sucesso argentino?

Apesar de não existirem ativos argentinos negociados diretamente na bolsa de valores de São Paulo, ainda assim é possível se expor ao potencial de valorização da economia argentina. E o processo é bem mais simples do que parece.

Através de corretoras internacionais voltadas para o investidor brasileiro — como a Avenue, a Nomad, o Banco Inter (via plataforma internacional) e outras — é possível comprar tanto as ADRs (recibos de ações de empresas argentinas negociados nos EUA) quanto ETFs que concentram uma cesta dessas empresas.

Não estou aqui para recomendar se você deve ou não investir — essa é uma decisão pessoal e exige análise de perfil de risco. Meu objetivo é apenas mostrar que existem caminhos acessíveis para quem deseja acompanhar essa possível virada da Argentina. E posso garantir: pegar carona nesse movimento não é nenhum bicho de sete cabeças.

Comentários


bottom of page